Se neste universo de infinitas possibilidades, por algum acaso passageiro, me fosse dada a chance de pedir algo, escolheria o azul.
Desejo estar rotineiramente sob o teto azul do céu. Pois assim se vê o nascer e o dormir do sol. Contempla-se a teia que as estrelas tecem no infinito. Sente-se o vento tocar a pele. Sendo ele alívio ou tremor, conforme a roda das estações. É sob o céu aberto que se enxerga as flores ganhando cor e o alimento inchado-se de vida.
Desejo rotineiramente estar imerso no azul do mar, onde vive-se com menos peso. Flutua-se quase sem gravidade. Onde a liberdade não é uma ideia, é uma sensação. Onde o movimento é constante mas não é apressado. E até mesmo a brutalidade tem sua dose de maciez.
E é no mar que os elementos naturais constrõem as formas geométricas que mais me fascinam, as ondas tubulares. Frente à elas, não sou apenas espectador. Essas formas de água me convidam para tomar parte em sua dança, para celebrar o movimento da vida em seu âmago e me ensinam a viver o tempo de outra forma.
Escolheria o azul porque é nele que vivo a vida que imaginei. E envolvido nele, nenhum dia perde-se. Somam-se as horas, multiplicam-se as sensações e dimiuem-se os pensamentos.
E sendo parte deste azul, a cada dia posso ver que todas as coisas passam. Mesmo as ondas mais revoltas, mesmo as tempestades mais violentas. A mesma força que molda as intempéries desvanece para formar a calma.
E vivendo nesta imensidão de azul, aprendo que sou pequeno. Um ponto inexpressivo no céu. Uma gota perdida no oceano. E pela minha pequenez nisso tudo, não devo pedir nada. E assim, não peço. Apenas sonho, com os olhos mergulhados no azul.
Lucas De Nardi