Greenbush

1 07 2018

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Eu acordara pelas 5 da manhã e o barco já se deslocava havia uma hora. Sabia que não estávamos indo para macaronis, como alguns queriam. Dig havia dito para o capitão ir para Greenbush, sabia que ele queria surfar lá numa condição exigente. Aquele era o maior dia do swell, mas a uma aposta era arriscada. Quando, pelas 3 da manhã, eu havia acordado para checar o vento, este não parecia favorável para uma das ondas mais pesadas e desafiadoras de mentawai. Mesmo assim Dig estava confiante. Eu achava que estávamos perdendo tempo.

Quando entramoa na baía onde fica a onda, ele me chamou dizendo que o vento parecia ser terral. Podíamos ver dois barcos ancorados no canal. O dia estava cinza, haviam chuvas fortes e esparsas. A água, sempre transitando entre o azul turquesa e o verde claro, parecia ter amanhecido acinzentada. O vento, essencial naquela onda, não parava de girar.

O barco demorou a ancorar porque o swell estava bem grande. Dentro da embarcação a tensão aumentava. Alguns empolgados, outros apavorados por estarem diante de um dia verdadeiramente pesado se surf.

Na sessão da manhã eu me acostumava com aquela onda difícil de ser lida, que fechava no canal e que vinha acompanhada de troncos e côcos. Dig se atirava em qualquer bomba que aparecesse com uma disposição que eu jamais havia visto entre meus amigos. Aquilo me empolgava e preocupava ao mesmo tempo. Na última onda da minha session, sai do tubo e demorei para sair da onda, a força dela me sugou de volta para o reef e não sei dizer como não bati no coral. A maré chegava no seu ponto mais vazio. Achei que seria prudente não abusar da sorte e remei para o barco.

Metade do surfistas da nossa trip não se aventuraram a entrar na água. Entre os que surfaram, acabamos a manhã com muitos tubos, algumas vacas e uma enorme gana de voltar a encarar aquelas condições.

Durante o tempo fora da água, Camarão, que havia feito o registro naquela condição difícil de luz, vento e chuva, insistia que precisávamos sentar mais para dentro da bancada. Toda vez que remávamos para entrar na onda, perdíamos uma boa parte dela. Ele tinha razão.

Ao final do dia os elementos pareciam estar ainda mais alinhados. Havia mais onda, o vento estava quase parando e a onda, por incrível que pareça, estava mais tubular. Porém, mais pesada.

Desta vez, todos do barco resolveram remar para o line-up. Mesmo quem já havia decidido não surfar queria assistir ao espetáculo da natureza de perto. O surf tem a maravilhosa característica de, se aproveitado com sabedoria, gratifica a todos. Se eu pegar uma onda, estarei feliz por tê-la surfado. No entanto, se algum outro surfista pegar uma onda e eu tiver o privilégio de assisti-lá, ficarei tão feliz quanto ele. Esta sessão teve justamente este elemento tão único. Várias vezes contemplei com um sorriso no rosto, tubos gigantes surfados pelos meus amigos.

Num certo momento, remei o mais deep possível para dentro da bancada. A onda entrou em um ângulo perfeito e ao invés de acelerar pude atrasar para o tubo. Surfei a onda toda apreciando a beleza do pequeno salão em que me encontrava e a vibração dos meus amigos, pelos quais passava. Um momento inesquecível, certamente.

Ao final do dia, quem surfou e quem assistiu tinha a mesma adrenalina pulsando em si. Os sorrisos e abraços eram constantes.

Todos vencemos!

Lucas


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